Editora: WMF Martins Fontes
Páginas: 240
Classificação: 4/5 estrelas
O que você faria se não houvesse tempo para falar com as pessoas que mais ama e só pudesse se comunicar com elas através de bilhetes na porta de uma geladeira?
Claire e sua mãe vivem a vida desta maneira. Aos 15 anos, Claire passa grande parte do seu tempo na escola, com amigos ou com o namorado. Sua mãe dedica-se tanto ao trabalho de obstetra que raramente está em casa. Por causa da rotina frenética das duas, elas mal se veem e a única forma de se comunicarem é através de bilhetes trocados na porta da geladeira de casa. Mas após o surgimento de um diagnóstico de câncer de mama, suas vidas mudam totalmente, o que lhes fará repensar sobre sua convivência.
Olá queridos! Essa é a minha primeira resenha como colunista do
Livros e Citações. Espero que gostem!
Antes de iniciar a leitura, confesso que fiquei me questionando como a autora iria conseguir retratar bem uma história com um tema forte através de bilhetes trocados na porta de uma geladeira sem deixar de envolver e emocionar o leitor. Mas ao passar as páginas e começar a leitura, me surpreendi.
O que mais chamou a minha atenção e me fez querer ler o livro foi sua narrativa. Durante a leitura, acompanhamos a vida de Claire e sua mãe com uma escrita simples, mas em forma de romance epistolar, só que em vez de cartas temos bilhetes como a narrativa da história.
Claire e sua mãe têm uma relação distante por causa de suas rotinas corridas e desencontros causados pelos seus horários. Moram na mesma casa, mas quase não se veem, por isso se comunicam através de bilhetes que uma deixa para à outra fixados na porta da geladeira. Através dos bilhetes acompanhamos a relação e o dia a dia das personagens.
Mãe,
Fui ao mercado. Olha na geladeira. Reguei as plantas. Limpei a gaiola do Peter. Arrumei a sala. E a cozinha. E lavei a louça.
Vou dormir.
Sua eterna criada,
Claire
Claire!
Sei que é difícil porque estou sempre trabalhando e não paro em casa, mas eu também ajudava meus pais com os deveres domésticos…
Mamãe
A história vai se desenvolvendo e conforme os dias vão se passando e os bilhetes sendo trocados conhecemos melhor as personalidades de cada uma e os seus dramas pessoais. Claire vive os conflitos e dilemas da adolescência. Já a mãe é divorciada e é extremamente dedicada à sua profissão. Mas após ser diagnosticada com câncer de mama, a história ganha outro ritmo e a partir daí acompanhamos as personagens aprendendo a lidar com a situação e aos poucos se reaproximarem.
E essa relação de mãe e filha é verossímil e tocante. Enquanto a trama se desenvolvia, consegui entender a Claire e suas atitudes me fizeram recordar os meus tempos de adolescência. Compreendi as decisões de sua mãe e sofri ao ver sua tristeza por ter que adaptar sua vida à doença e lutar contra ela. Me emocionei ao vê-las tentando lidar com a nova realidade. A mãe em seu estado frágil, a filha precisando amadurecer precocemente, quase uma inversão de papéis por conta do câncer.
Através da leitura é possível nos sentirmos próximos das personagens, como se estivéssemos lendo os seus bilhetes pessoais, suas confissões e vivenciando cada momento ao lado delas e as vendo tentando recuperar o tempo em que estiveram distantes, mesmo que pareça tarde demais.
Não queria que você descobrisse que o mundo pode ser cruel, que a vida é difícil, e às vezes não podemos controlar nosso destino.
Isso não é culpa sua. Não é culpa de ninguém. Às vezes não há quem culpar, só isso.
A Vida na Porta da Geladeira é obra uma linda, triste e comovente. Os personagens são cativantes e a leitura é muito rápida e prazerosa. Apesar de ter gostado, confesso que gostaria que a autora desenvolvesse mais detalhadamente alguns acontecimentos, principalmente o final. Porém esses pontos não interferem na qualidade do romance de Alice Kuipers. Logo, não tem como não recomendar a leitura para quem busca um livro emocionante. Apesar de curto, esse livro nos deixa a bela lição de que sempre devemos aproveitar ao máximo todos os dias de nossas vidas ao lado das pessoas que amamos.